VIVÊNCIAS DE SER PROFESSOR/A NO SUBPROJETO PIBID/UERGS EM SÃO LUIZ GONZAGA[1]


 
 

Autora: Rita de Cacia Pereira dos Santos[2]

Co-autoras: Silvana Ferraz Moraes[3]; Nara Noely Dorneles Martins[4]

 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL - UERGS

 

EIXO TEMÁTICO:

6. PAULO FREIRE e a Formação de professores

 

 

RESUMO:

Este artigo é resultado de vivências de bolsistas pibidianas, na cidade de São Luiz Gonzaga e traz uma primeira impressão sobre a atuação em sala de aula de bolsista do projeto do PIBID. Procura-se enfatizar as dificuldades e acertos dentro daquilo que antes tínhamos acesso apenas como discentes de graduação e agora temos uma visão de dentro da escola, sob a ótica de professores/as. Coloca-se nesta produção que existe um significado real para o vocábulo professor/a, que vai além do dicionário, porque, em muitos casos existe a transformação do sapo em príncipe ou princesa, mas também pode ocorrer o contrário. Desta forma o subprojeto, “Da Discência à Docência: a Boniteza de ser Professor/a”, que nos possibilita desenvolver práticas, nos proporciona uma janela para um mundo muitas vezes apenas vislumbrado à longa distância, sem muita atenção. Através do PIBID[5] pode-se compreender que ser professor/a vai muito além do que se pode supor, porque a profissão transcende à pessoa.

Palavras – Chave: PIBID; Vivências Docentes; Discência; Escola.

 

 

INTRODUÇÃO

Será que alguém já se indagou qual o verdadeiro significado de ser professor/a?

Certamente esta indagação está presente em todos/as que desejam seguir esta profissão, em profissionais que estão atuando e em teóricos e muitos/as que se arrolam o direito de se chamarem especialistas em educação. Ouso dizer que ser professor/a é ter telhado de vidro, ser vitrine, exposição e expositor; é ser grande e pequeno ao mesmo tempo na dualidade de ensinar e aprender vivências e saberes. Também vai muito além do significado expresso no vocábulo que está no dicionário e na repetição e consenso diário.

Ser professor/a é aprender a ser sapo, sem deixar de ser príncipe ou princesa, porque o primeiro está despojado de toda a vaidade de ser superior àqueles que os rodeiam em busca de um saber que pode ser compartilhado por todos/as, enquanto o segundo é um personagem de contos de fadas, que parece tão inatingível e tão longe da realidade que o cerca como as estrelas que brilham no firmamento, tão próximas dos olhos, mas longe do alcance das mãos. Rubem Alves é certeiro em seus textos, colocando o encantamento de ser docente, na prática rotineira de atuar com gente, com o sentimento, com o amor de abrir as portas e janelas para a aprendizagem escolar.

 

[...] Por ele se apaixonou uma bruxa horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. “Se não vai casar comigo, não vai se casar com ninguém mais!” Olhou fundo nos olhos dele e disse: “Você vai virar um sapo!” Ao ouvir essa palavra, o príncipe sentiu uma estremeção. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra de feitiço tinha dito. Sapo. Virou um sapo. [ALVES, 2007, p.33].

 

 

UMA JANELA ENCANTADA CHAMADA PIBID

Nossas vivências no PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – desenvolvido pela CAPES em parceria com o MEC, tem-nos colocado frente a uma realidade para a qual alguns/as de nós ainda não estávamos preparados/as: a dificuldade de manter um/a aluno/a em sala de aula. Na verdade, não estávamos preparados/as para entender o significado de ‘manter’ um/a aluno/a em sala de aula, quando a escola deve ser um local de aprendizagens, num processo contínuo.

Desta forma o subprojeto da UERGS – Unidade São Luiz Gonzaga “Da Discência à Docência: a Boniteza de ser Professor/a”, do qual fazemos parte, nos proporciona uma janela para um mundo que muitos de nós apenas vislumbrávamos de longe, de dentro da Universidade e interagindo na escola apenas com práticas curriculares.  Isso nos leva a viajar no tempo e no espaço para abrir a janela do conhecimento de par em par e observar as diferenças e semelhanças entre teorias e práticas adotadas por professores/as, das escolas onde atuamos, vivenciando a práxis diária, o fazer em tempo real.

 

O meu envolvimento com a prática educativa, sabidamente política, moral, gnosiológica, jamais deixou de ser feito com alegria, o que não significa dizer que tenha invariavelmente podido criá-la nos educandos. Mas, preocupado com ela, enquanto clima ou atmosfera do espaço pedagógico, nunca deixei de estar.

Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. [FREIRE, 2002, p. 29].

 

Essa janela que chamamos de PIBID, possibilita observar a escola por dentro, fato que pode despertar ou não o encantamento do ato de professorar. Vivenciar a rotina escolar ajuda a encarar a profissão, com a certeza de que é possível a transformação ou perder o interesse em tornar-se professor/a porque nos deparamos com o fato de que não existem milagres em educação. É importante que se tenha em mente a seguinte frase do Mestre Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” [1996, p.25]. O que precisa haver é comprometimento e amor daquele que se propõe a ser professor/a. Essa paixão precisa ser renovada a cada dia, para que os objetivos não se percam nas curvas do tempo ou sejam levados pelos ventos do desânimo.

[...] daí então, que a nossa presença no mundo, o nosso mover-se nele e na história vem envolvendo necessariamente sonhos por cuja realização nos batemos.

Daí então, que a nossa presença no mundo, implicando escolha e decisão, não seja uma presença neutra, a capacidade de observar, de avaliar para, decidindo, escolher, com o que, intervindo na vida da cidade, exercemos nossa cidadania, se erige então como uma competência fundamental. [...]. [FREIRE, 2000, p.16].

 

A experiência de atuar nesse subprojeto do PIBID, como bolsistas, é muito importante e elucidativa. É difícil classifica-lo em uma única categoria, pois, tanto pode ser pesquisa, uma vez que coletamos dados através da observação e da conversa com aqueles/as que atuam como professores/as; como ensino, porque aprendemos a ver o funcionamento da escola sobre a ótica do/a professor/a, e extensão, porque participamos de atividades extraclasse, de passeios, gincanas, enfim, trocamos conhecimentos, vivências e experiências com alunos/as e educadores/as. O PIBID mostra na prática a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Por isso a importância deste estímulo à docência, desta preocupação do Ministério da Educação, na busca de incrementos aos cursos de Licenciatura.

Um país que decide não investir em educação, futuramente colhe os frutos do descaso. Seus habitantes acabam vivendo na miséria ou na apartheid social, porque na verdade, a educação em qualquer esfera deve servir para todos/as, de forma igualitária e sem preconceitos, o que pode – e deve - acabar com a ideia de que apenas uns poucos privilegiados podem ser os detentores do saber enquanto outros/as não precisam sequer saber assinar o nome, para poderem desta forma ser conduzidos pelo cabresto, de uma minoria.

Neste sentido o PIBID reforça o compromisso com a formação inicial e a educação básica, pois ao ingressarmos nas escolas, levamos o ideário de uma educação transformadora, com sonhos e possibilidades e mesclamos aos acontecimentos da escola, ao fazer diário, perguntando, conversando e propondo participação em seminários, relatos de encontros e propostas de cursos. Essa janela que se abre se abre para todos/as os/as envolvidos/as neste processo.

Educar, por tudo isso, é fundamental, e qualquer país que quiser existir sobreviver neste chamado “Mundo Globalizado” precisa investir em educação para seus habitantes. Educar é saber viver no mundo real, se comunicar sabendo que o passado serve como base no presente para que se possa construir um futuro melhor, com menos desigualdades sociais. Educar é possuir tudo o que a humanidade acumulou ao longo de sua história.

Na janela aberta pelo PIBID, entendemos que é preciso que um/a professor/a seja movido/a pela utopia e pela esperança de que se possa fazer algo para mudar a realidade em que se vive de forma a melhorar a qualidade de vida dos seres humanos através de uma educação de qualidade, porque sem esperança um/a professor/a não consegue levar a termo seus objetivos.

 

Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a atos calculados apenas, é pura cientificidade, é frívola ilusão. Prescindir da esperança que se funda também na verdade como qualidade ética da luta é negara ela um de seus suportes fundamentais. [...] É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã. [FREIRE, 1992, p. 5].

 

No transcurso destes primeiros meses de observação foi possível entender a colocação de Paulo Freire, pois, não existem práticas pedagógicas que subsistam à desesperança, principalmente de professores/as que atuam diretamente em sala de aula.

Apenas observar não foi suficiente nestes primeiros meses, também sentimos desejo de participar juntamente com as professoras[6] da confecção de materiais didático-pedagógicos, onde os/as alunos/as foram a parte mais atuante e participativa.

Observamos a cada nova produção, o brilho de ansiedade em cada olho, a expectativa pela aprovação, ou não, de seus trabalhos, de suas produções textuais, das caixinhas decoradas e o sorriso de satisfação enfeitando seus rostos cheios de esperanças e certezas, felizes por cumprirem com as tarefas solicitadas.

Desta forma, o/a professor/a reconhece que o/a aluno/a possui potencial para crescer como gente que reconhece e é reconhecido, que valoriza e é valorizado, pela sua leitura de mundo, suas vivências e experiências.

 

Esta vocação para o ser mais que não se realiza na inexistência de ter, na indigência, demanda liberdade, possibilidade de decisão, de escolha, de autonomia. Para que os seres humanos se movam no tempo e no espaço no cumprimento de sua vocação, na realização de seu destino, obviamente não no sentido comum da palavra, como algo a que se está fadado, como sina inexorável, é preciso que se envolvam permanentemente no domínio político, refazendo sempre as estruturas sociais, econômicas, em que se dão as relações de poder e se geram as ideologias. A vocação para o ser mais, enquanto expressão da natureza humana fazendo-se na História precisa de condições concretas sem as quais a vocação se distorce. [FREIRE, 2001, p. 8].

 

 

SEMANA CULTURAL DO INSTITUTO ESTADUAL OSMAR POPPE

 

A Semana Cultural realizada no Instituto Estadual Professor Osmar Poppe, no qual atuamos como bolsistas do PIBID, nos permitiu mais, porque além de trabalharmos junto com os alunos dos Anos Iniciais produzindo trabalhos a partir de materiais que iriam para o lixo, tivemos uma experiência fantástica do que é a sustentabilidade. Durante o recital de poesias da Cecília Meireles, foi possível observar em cada rosto uma expressão diferente. De atenção ao ver as imagens da apresentação em Power point da poesia “A Bailarina”, ou então, a surpresa ao ver a raposa filosofando e recitando “Ou Isto ou Aquilo”; a gargalhada ao ver que o Mosquito também sabia escrever; os comentários ao ouvir a “Língua do Nhem”, as respostas às perguntas da poesia “Nem tudo é fácil”.

Esse recital de poesias de Cecília Meireles foi mais do que uma mostra de talentos; foi uma verdadeira viagem ao universo do aluno, onde fomos professoras, alunas e principalmente, nos descobrimos novamente crianças.

Essas descobertas de mundos desconhecidos e a redescoberta daqueles esquecidos, na minha visão é a essência e do PIBID.

Uma escola como o Instituto Estadual de Educação Professor Osmar Poppe, situada no centro do município de São Luiz Gonzaga, com mais de mil alunos/as, requer uma estrutura bem organizada e um planejamento com um cronograma que precisa ser cumprido à risca, sob pena de que a improvisação possa resultar em um desastre e uma grande decepção para todos/as e, mais ainda, para aqueles que estão atuando em sala de aula: professores/as.

Um/a pibidiano/a precisa ter em mente que não é o/a aluno/a que está atuando, mas um/a futuro/a professor/a, que terá sob sua responsabilidade turmas que estão ávidas por aprender e que se espelham em suas atitudes e conhecimentos.

Para atuar na carreira docente, ser professor/a é preciso levar em conta que nem sempre a remuneração será aquela esperada, mas que a carreira encante aqueles que se dispõem a olhar a educação sem preconceitos ou cifras, voltando-se apenas para o ato de ensino-aprendizagem. Logicamente sem descuidar das questões funcionais que nos envolvem, mas que estas questões não sejam a desculpa para não realizar as tarefas de ser professor/a, com a alegria e paixão que exige qualquer profissão.

 

O ENCANTAMENTO DE SER PROFESSOR/A

A UERGS, o Curso de Pedagogia, mas principalmente, o PIBID coloca-nos diante da esperança e do encantamento por ser professor/a, mesmo com todas as dificuldades encontradas, mas que se possa superá-las e traçar o caminho para que proporcione uma educação de qualidade e com igualdade a todos/as. São nos dizeres das colegas professoras, na felicidade de acompanhar a leitura de uma criança no primeiro ano do ensino fundamental que vem o encantamento, mas é também na união, no grupo, quando discute e analisa questões de trabalho, é no suporte que as equipes gestoras apresentam, é na vida que circula, é na alegria de receber e ser recebido, é neste fazer diário que vem essa esperança, não no sentido de espera, mas na crença de que seremos professores/as que faremos a diferença na escola.  

Porém necessitamos entender que somente a esperança e o sonho não se realizam sozinhos se não nos dispusermos a lutar por aquilo em que acreditamos, mesmo que inicialmente possa parecer um fato longínquo, quase inatingível.

Acreditamos que, para ser professor/a não se deve levar em conta o “eu”, mas pensar no “outro”, como uma extensão daquilo que pretendemos desenvolver enquanto seres atuantes em sala de aula. É colocar-se no lugar do outro e descobrir a melhor forma de satisfazer a sua curiosidade e sua ansiedade em aprender os saberes escolares e do mundo que os cerca, através do sonho de compartilhar vivências.

Todo conhecimento começa com o sonho. O sonho nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina, brota das profundezas do corpo, como a alegria brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa. Contem-me os seus sonhos para que sonhemos juntos. [ALVES, Rubem]

 

Um/a professor/a que entrar em seu ambiente de trabalho armado de preconceitos e indiferenças, certamente terá uma carreira fadada ao fracasso porque ninguém aprende nada, se aquele/a que se dispuser a compartilhar os conhecimentos não estiver desprovido da armadura da soberba ou do achismo. O entendimento de que o outro não é um selvagem e desgarrado, torna-se fundamental para que haja uma sintonia e aproveitamento do que se ensina e se aprende. E, isto se aplica tanto para os/as alunos/as quanto para os/as professores/as.

Precisamos tomar cuidado para que a bruxa do desencanto não faça morada em nossos seres e nos tornemos exatamente igual àqueles professores/as que tanto criticamos. Precisamos acreditar que a magia da transformação pode agir também para o bem, o contrário, transformar o príncipe, crédulo e desanimado em alguém alegre e disposto a lutar pelo que acredita.

O que faremos de nossas aprendizagens ou como as usaremos de forma a não deixá-las “encantadas” nem “enfeitiçadas” depende do quanto estamos dispostos a apostar no que acreditamos. Para perder o medo e apaixonar-se pela profissão, quebrando paradigmas e construindo saberes, cabe a cada um/a de nós encontrarmos a “fórmula mágica” que é composta por coragem, respeito e humildade, para que sejamos pessoas que buscam apaixonar-se por ser professor/a, independente das bruxas e fantasmas que possam nos assombrar.

Por fim, em conversas com o grupo, em alguns momentos de nossa atuação no subprojeto do PIBID, chegamos a nos sentir como o Príncipe Sapo, mas nos damos conta de que se a bruxa do desânimo tentar nos fazer acreditar que não somos capazes de realizar o que é planejado, ao mesmo tempo a fadinha das descobertas joga seu pozinho mágico e nos faz lembrar que tudo é possível se houver paixão por aquilo que se realiza, comprometimento e união.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. Campinas: Papirus, 2000.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

 

___________. Pedagogia da Indignação: Cartas Pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

 

____________. Política e Educação: Ensaios. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

 

 

 

 

 

 



[1] Texto publicado nos anais do XIV FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE, promovido pela UFFS – campus Erechim, UNIJUÍ, URI, UFPEL E FURG, em maio de 2012
[2]Acadêmica do Curso de Pedagogia – Licenciatura – UERGS – São Luiz Gonzaga. Bolsista PIBID/CAPES UERGS, no Instituto Estadual de Educação Professor Osmar Poppe.
[3]Acadêmica do Curso de Pedagogia – Licenciatura – UERGS – São Luiz Gonzaga.  Bolsista PIBID/CAPES/UERGS, no Instituto Estadual de Educação Professor Osmar Poppe.
[4] Acadêmica do Curso de Pedagogia – Licenciatura – UERGS – São Luiz Gonzaga. Supervisora do Subprojeto PIBID/CAPES/UERGS, no Instituto Estadual de Educação Professor Osmar Poppe.
[5] Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, desenvolvido pela CAPES em parceria com o MEC.
[6] Todas as professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental da escola são mulheres.

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