A transformação do príncipe em sapo.
Quando adentramos nas escolas,
somos como aquela linda menina, que encontra um príncipe transformado em sapo,
sentado na beira do poço onde ela vai pegar água.
Acreditamos que podemos
transformar o mundo, a realidade educacional e os alunos. Afinal, temos a
varinha mágica do conhecimento teórico. Então, como tal qual a menina, nos
damos conta de que, a bruxa transformou o príncipe em sapo porque ele assim
acreditou. Acabamos nos transformando em metáforas daquilo que acreditamos
poder fazer. Damos-nos conta de que nosso conhecimento acadêmico precisa ser
lapidado, moldado e reconstruído para que possamos agir dentro da realidade que
hoje, acontece nas escolas.
Nossas vivências no PIBID, tem nos
colado diante de uma realidade para a qual muitos de nós ainda não estamos
preparados: a dificuldade de manter um aluno em sala de aula.
[...] Por ele se apaixonou uma bruxa horrenda que o
pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. “Se não
vai casar comigo, não vai se casar com ninguém mais!” Olhou fundo nos olhos
dele e disse: “Você vai virar um sapo!” Ao ouvir essa palavra, o príncipe
sentiu uma estremeção. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra
de feitiço tinha dito. Sapo. Virou um sapo. [ALVES, 2007, p.33].
Precisamos tomar cuidado para que
a bruxa do desencanto faça morada em nossos seres e nos tornemos exatamente
igual àqueles professores que tanto criticamos e pensamos em reformar.
Precisamos acreditar que a magia da transformação pode agir também para o bem,
o contrário, transformar o príncipe, crédulo e desanimado em alguém alegre e
disposto a lutar pelo que acredita.
Precisamos que somos capazes de
fazer a diferença. Estarmos prontos a adaptar as aprendizagens acadêmicas para
a realidade de nossos dias, mesmo com todas as dificuldades que encontramos no
cotidiano escolar.
Não podemos nos acostumar a ser
sapos, vivendo como sapos, nos adaptando às mudanças que querem nos impor e
desistindo de nossos sonhos e planos, afinal somos pibidianas/o e estamos
vivendo experiências do lado de dentro da escola, à frente do quadro, de frente
para os alunos.
Quanto mais aprendia as coisas de sapo, mais sapo
ficava. E quanto mais aprendia a ser sapo, mais se esquecia de que um dia fora
príncipe. A aprendizagem é assim: para se aprender de um lado há que se
esquecer do outro. Toda aprendizagem produz o esquecimento.
O príncipe ficou enfeitiçado. Mas feitiço – assim nos
ensinaram na escola – é coisa que não existe. Só acontece nas estórias da
carochinha. [ALVES, 2000, p. 34].
O que faremos de nossas
aprendizagens ou como as usaremos de forma a não deixá-las “encantadas” nem
“enfeitiçadas” depende do quanto estamos dispostos a apostar no que
acreditamos. Para perder o medo e apaixonar-se pela profissão, quebrando paradigmas
e construindo saberes cabe a cada um/a de nós encontrar a “fórmula mágica” que
é composta por coragem, respeito e humildade, para que sejamos pessoas que
buscam apaixonar-se por ser professor/a,
independente das bruxas e fantasmas que possam nos assombrar.
Em alguns momentos de minha
atuação no subprojeto, chego a sentir-me como esse príncipe, mas me dou conta
de que se a bruxa do desanimo tenta me fazer acreditar que não sou capaz de
realizar o que é planejado, ao mesmo
tempo a fadinha das descobertas joga seu pozinho mágico e me faz lembrar que
tudo é possível se houver paixão por aquilo que se realiza.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. Campinas:
Papirus, 2000.
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